domingo, 19 de dezembro de 2010

A Melhor Avó !


De estrutura baixinha tem que fazer sempre valer os seus ideais.
Marcada tem a cara, com mil e uma rugas. Rugas de vivência, de sofrimento, de alegrias, de choros, de experiência.
Branco tem o cabelo, verdes olhos que fazem lembrar dois botões de tão redondos que são.
O nariz, comprido, aproxima-se dos seus finos lábios, que ao abrirem demonstram os poucos dentes restantes.
O pescoço, alto e também enrugado, levanta-se chateado, quando algo não lhe agrada.
As pernas que coxeiam quando ela caminha, são morenas, queimadas dos Verões que passava a trabalhar, em plenos dias de Sol quentes como o forno onde ela cozia o pão.
Também as suas mãos são morenas, enrugadas, mas extremamente meigas, prontas para fazerem festinhas, para apertarem quando abraçam; carinhosas mãos!
Vitória nunca soube mentir. Se há alguém sincero no Mundo, é ela. Por isso, quando preciso de conselhos, recorro a ela.
É uma pessoa muito vivida. Do alto dos seus 92 anos, não se cansa de me avisar para ter cuidado com os rapazes e com as pessoas do Mundo lá fora.
Passo com ela tardes e tardes, serões e serões, a ouvir as suas antigas histórias que ela conta com a sua voz colocada, ás vezes, mais entusiasmada, outras, mais hesitante.
Vitória protege-me como uma leoa protege a sua cria. Quando os meus pais se zangavam comigo, ela intervinha sempre, desculpando-me:’’-Deixem-na lá. Ela ainda é pequenina.’’
É incrível que ainda hoje continua a utilizar esta expressão.
Para mim, a minha avó é o meu ídolo; gostava de ter a sua inteligência, a sua perseverança, a sua paciência, a sua ironia, a sua capacidade de perdoar e o seu à-vontade para sofrer.

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